Por Juliana Mendes

A obra A Revolução dos Bichos de George Orwell é uma fábula que trata sobre temas atemporais, como corrupção, traição, poder e ganância. Lançado em 1945, o livro é uma grande crítica ao contexto político-econômico mundial daquela época, mas sem ser explícito demais já que os personagens da história são animais de uma fazenda

Vendido como uma história infantil, o texto traz a história da Granja do Solar, onde os animais estão cansados de serem explorados pelo dono da fazenda, o Sr. Jones. Então, comandados pelo porco Major os animais resolvem fazer uma revolução, tomam conta da granja tirando Jones do poder e fazem com que todos os animais vivam em total igualdade e sem exploração. Mas com o desenrolar da história, os ideais e interesses de cada animal começam a colidir com os dos outros. Com a morte de Major logo no início, dois porcos se destacam como as principais mentes do processo de transição, Napoleão e Bola-de-Neve. A partir disso, começam as traições, corrupção, mentiras, ameaças e torturas.

No livro pode-se observar referências a Revolução Russa. O autor, que era socialista, presenciou a transição da Rússia para virar uma nação comunista, mas que acabou se tornando uma nação totalitária. Orwell, que era contra qualquer tipo de imposição e totalitarismo, tinha em seus principais personagens características vistas nos principais personagens da Revolução Russa. Major tinha características de Lênin, Napoleão, era Stálin e Bola-de-Neve, Trotski.

George Orwell, pseudônimo de Eric Arthur Blair, nasceu na Índia colonizada por ingleses, e teve toda sua educação na Inglaterra. Orwell sempre foi contra injustiças, opressão e sempre apoiava os mais pobres e oprimidos. Em relação a isso A Revolução dos Bichos tem uma curiosidade. A edição ucraniana da obra teve o prefácio feito para os camponeses e trabalhadores ucranianos que lutavam pela revolução, mas que tinham perdido a fé em Stálin. George Orwell também fez questão de não receber seus direitos autorais por essa edição nem por nenhuma outra que fosse traduzida em línguas de povos muito pobres.

A Revolução dos Bichos é considerada uma obra atemporal, que pode ser encaixada em qualquer época, inclusive a atual. Hoje em dia podemos ver que poucas coisas mudaram em relação à política internacional. Ainda existem países que vivem sob ditaduras violentas, existem políticos que chegam ao poder com um discurso, mas que logo o mudam e existem nações que ameaçam, ou são consideradas ameaças, à hegemonia de grandes blocos. E é isso que George Orwell mostra em seu livro de uma forma muito mais fácil e simples de entender, mas que acaba se tornando uma fórmula sobre o mundo da política.

POR LUANA LOBATO

É quase impossível imaginar “A Revolução dos Bichos” como uma fábula infantil. Apesar de toda temática animal em que o livro é composto, George Orwell descreve a sociedade moderna, de conflitos e eternas revoluções, com maestria. Lido e aclamado em todo mundo, a obra escrita em 1945 é tão bem feita que facilmente se adéqua a atual realidade do mundo.

O mais impressionante é, sem dúvida, a metáfora de bichos para retratar a sociedade as fraquezas humanas e demolir o “paraíso comunista” proposto pela Rússia na época de Stalin e que hoje pode se caracterizar como a ameaça atômica. A associação crítica que o autor utiliza para descrever homens do alto poder como os porcos, ovelhas e galinhas como classe média e o cavalo como proletariado é simplesmente incrível! Todos os animais possuem traços marcantes de manipulação, alienação, rigidez, ignorância, dispersão, teimosia… Orwell consegue transmitir ao mesmo tempo uma mensagem simples e pertinente.

 Outra questão abordada com brilhantismo é o da opressão, tema tão discutido durante as revoluções burguesas e uma das questões abordadas na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, criada em agosto de 1789, que se tornou uma das bases que justificam o levante dos animais da Granja do Solar contra seu proprietário, o Sr. Jones. É importante observar, no entanto, que uma vez no poder, a revolução se torna, progressivamente, numa tirania ainda mais opressiva que a dos humanos.

‘A revolução dos bichos’  reúne majestosamente duas ricas tradições literárias: a das fábulas morais, que remontam a Esopo, e a da sátira política, que teve talvez em Jonathan Swift seu representante máximo. Atualmente, após quase 70 anos da escrita do livro,  a obra pode ser lida sem o viés ideológico reducionista, mas  leva o leitor a ter, sem dúvida, uma reflexão sobre a evolução da política mundial nesse período. De fato, tivemos diversas e profundas alternâncias de poder e situações que mudaram o rumo da humanidade, mas e a política? Será que mudou tanto assim?

Por Bernardo Abreu

O livro “A Revolução dos Bichos”, escrito por George Orwell, é uma fábula completamente atemporal. O livro escrito em 1937 só pode ser lançado em 1945, em meio à II Guerra Mundial. Porém, a história que se passa na Granja do Solar, e que critica o modelo soviético sob a ditadura de Stalin, pode ser comparada com a Revolução Russa de 1917. Usando expressões como Animalismo, uma referência ao Stalinismo vivido na URSS, ele substitui os personagens marcantes da época por bichos. E fala em uma passagem que os bichos são os que trabalhavam para que os humanos gozem dos benefícios desses trabalhos, dado alusão ao povo que trabalhava na época da Revolução Russa e quem se beneficiava com isso era quem estava no poder.

A trama se desenrola na Granja do Solar, e após um sonho tido pelo porco Major, no qual dizia ter visto um lugar onde todos os animais eram iguais e autossuficientes. Era o princípio do que chamaram de Animalismo. Este porco morreu duas semanas mais tarde, fortalecendo assim a ideia da revolução. Tempos depois, a revolução ocorreu e o Sr. Jones, dono da fazenda, sua mulher e seus peões foram expulsos do local. E liderados por Bola-de-Neve, os animais reorganizaram a fazenda, alem de inventarem hino, bandeiras, fazer colheita e aprenderem a ler e escrever e ainda fazerem leis. E a historia vai se desenrolando, e se aproxima bastante da verdadeira historia da Revolução Russa e da época de Stalin na URSS.

Personagens como o Sr. Jones pode ser comparado a Nicolau II, último Czar russo que era um líder bastante violento. Sr. Jones no caso era o fazendeiro que maltratava os bichos para que eles trabalhassem. Podemos citar ainda o porco Major, que tem um discurso bastante parecido com Karl Marx e ainda lembra características de Lênin, no início da Revolução Russa.

O outro porco, Bola-de-Neve, que era um dos líderes na Revolução de Outono, pode ser comparado a Trotski, pois seguia a risca os ensinamentos de Marx. Os cachorros representam a polícia secreta de Stalin. E muitos outros personagens são comparados aos momentos marcantes da história.

 Orwell não critica apenas o Governo Soviético,  vai muito além do que  disso. Ele critica todo o tipo de poder que possa interferir na falta da liberdade de imprensa e de expressão e que manipulem informações. Por isso que o livro se torna atemporal, pois pode ser comparado a qualquer tipo de governo não democrático e que existe até os dias de hoje. E o recado que quer passar é que animais e seres humanos são diferentes, porém bastante semelhantes.

A obra de George Orwell, de título original “Animal Farm” foi escrita em 1945, em plena segunda guerra mundial e relata a história da Granja do Solar, que, depois de uma revolução popular coordenada pelos porcos da fazenda, passa a ser comandada pelos próprios animais.

Major, o porco mais velho do grupo é o primeiro a visionar tal revolução que estabeleceria uma nova ordem, na qual os animais trabalhariam em benefício próprio, não mais gerando lucro e sendo oprimidos pelos homens que eram, segundo Major, os grandes inimigos dos animais. A batalha, na qual homens e bichos se enfrentaram foi chamada de “A batalha do Estábulo”, acontecimento determinante para o desenrolar da trama.

O velho porco morre poucos dias depois de seu discurso visionário, e tal revolução acaba sendo comandada por dois outros porcos, Bola de Neve e Napoleão. Apesar de opositores no que diz respeito à forma de se gerenciar essa nova granja, os dois líderes pareciam ter visões semelhantes sobre a ameaça que os homens representavam e sobre a importância da união entre os animais.

Apesar da suposta igualdade entre os bichos os porcos rapidamente assumem a liderança, alegando que por serem mais inteligentes que os outros animais deveriam ser responsáveis pela tomada de decisões, divisão de funções e pelas novas leis vigentes. Inicialmente, qualquer semelhança ao homem era abominada na granja, sendo assim estritamente proibido qualquer acúmulo de riqueza, luxo e facilidades. Na nova ordem, um lema foi estabelecido entre os animais: “Duas patas ruim, quatro patas, ou penas, bom”.

Em pouco tempo, os papeis ficam definidos. Com a justificativa de serem pouco inteligentes para tomarem decisões por si próprios, muitos se tornaram subservientes, enquanto poucos tomavam decisões relativas à organização social. A nova sociedade animal se estabelecia então da seguinte maneira: porcos ocupavam o topo da pirâmide social, sendo os responsáveis pelas decisões e pelo comando das tarefas executadas pelos outros animais; galinhas e ovelhas ocupariam o meio da pirâmide, executando parte do trabalho “braçal” enquanto os cavalos seriam a força de trabalho mais evidente, sempre leal à causa da revolução.

Em pouco tempo os animais conseguiram se adaptar à nova ordem e passaram, com alguma dificuldade, a realizar tarefas antes exercidas por humanos. A idéia de comandarem a sua própria fazenda e produzirem para si próprios era um estímulo cada vez maior para os bichos, que chegaram a criar os Sete Mandamentos, que contava com regras claras que proibiam a participação de humanos e determinavam a forma de vida da nova sociedade estabelecida.

Com o passar do tempo o conflito entre Bola de Neve e Napoleão passou a ser incontestável o que fez com que Napoleão arrumasse um jeito de se livrar do outro, alegando que Bola de Neve teria traído os ideais da revolução ao estabelecer contato com humanos. Isso é uma clara alusão à Revolução de 1917 e o conflito entre Stalin e Trotsky.

Aproveitando-se da convicção dos outros animais pela causa dos bichos e na ignorância dos mesmos, Napoleão se tornou um ditador temido e passou, aos poucos, a mudar as regras da Granja, acrescentando palavras e manipulando inclusive os Sete Mandamentos, o que não era percebido pelos outros bichos analfabetos.

Apesar de alguns animais questionarem o novo ditador, nada acontecia. Primeiro por que eles eram sempre ameaçados ferozmente pelos cachorros que atuavam como a polícia de Napoleão, além de serem assombrados pela idéia de voltarem a ser comandados pelos homens. Apesar dos problemas, os animais acreditavam que ser comandado por um igual era sempre melhor do que por um humano. Napoleão se aproveitava da ignorância dos outros bichos para que poucas de suas manobras políticas fossem notadas.

A obra de Orwel, pseudônimo de Eric Arthur Blair, um indiano de família inglesa, foi uma grande crítica aos modelos totalitaristas e relata a ineficácia dos regimes ditos igualitaristas. Escrito no pós segunda guerra e no cenário da guerra fria, a Revolução dos Bichos, relata um terror absoluto daquele momento histórico, que seria a tomada mundial pelo socialismo. Em 1945, diferentemente de hoje em dia, o sistema capitalista ainda era ameaçado ideologicamente por adeptos do socialismo real, que fora adotado pela União Soviética a partir da revolução de 1917, e por outras nações como a China e mais tarde, Cuba.

O livro é uma fábula, e apesar de ter sido escrito há mais de meio século, ainda pode ser considerada atual, talvez com algumas mudanças. Cada vez que o porco Napoleão sentia seu poder ameaçado ou até mesmo questionado, ele se fazia do medo dos outros animais quanto à volta dos humanos usavando Bola de Neve como o símbolo deste mal. Hoje em dia não é mais o socialismo que ameaça nossa sociedade moderna, nem mesmo um personagem atual poderia ser comparado a Bola de Neve na trama, mas o terror ainda é uma realidade. Talvez o terrorismo de 11 de setembro ou a ameaça atômica do Irã ocupem esse papel atualmente, já que o temor da “ameaça invisível” ainda existe.

O texto ainda descreve uma sociedade que, apesar de se basear em princípios igualitários rapidamente se converte em um sistema fechado e autoritário, com sério comprometimento dos princípios democráticos. Entre os animais da granja é notável ter sido estabelecida uma sociedade de privilégios, na qual “todos são iguais, mais uns são mais iguais que outros”, como diz uma das regras, e as divisões sociais são um exemplo disso. Na granja, as classes sociais e suas funções são muito claras. Os porcos representam a elite e confortavelmente são responsáveis pelas tomadas de decisões e têm privilégios facilmente identificáveis. No livro isso é expresso quando, com o passar do tempo, os porcos começam a fazer tudo aquilo que era abominável no início da revolução, como dormir em camas com lençóis, consumir álcool e conviver com humanos. Ao longo da trama o que fica evidente é que os porcos, comandados por Napoleão, acabam se tornando humanos, adotando, inclusive a postura do homem, equilibrando-se em duas patas. O poder absoluto de Napoleão o torna exatamente aquilo que o ele combateu durante a Batalha do Estábulo.

A classe média é representada por ovelhas e galinhas, que são facilmente manipuladas pela elite, acreditando piamente nas propostas e nos ideais da revolução. No texto, repetidas vezes esses animais passam por cima daquilo que vêem e percebem das tramóias de Napoleão, em função da crença em uma ordem melhor e mais justa para os bichos. A classe trabalhadora é representada pelo incansável cavalo Sansão. Apesar do cansaço e da carga de trabalho inegável, ele, do início ao fim, confia cegamente no líder, adotando o seguinte lema: “Napoleão tem sempre razão e trabalharei ainda mais hoje”. Visando o crescimento da granja e um futuro próspero para os bichos, Sansão exauriu sua saúde. Apesar das promessas de jornadas de trabalho menores e de uma aposentadoria recompensadora, o pobre cavalo trabalhou arduamente até o último dia de vida. Assim que deixou de ter força e não conseguia mais exercer sua função estabelecida por Napoleão, Sansão é eliminado da Granja e mandado para um matadouro. Os outros animais, enganados pelo líder, que promete levar o cavalo para o melhor veterinário da região, estranham que Sansão não tenha voltado, mas mais uma vez ignoram as evidências e acabam acreditando no que o líder afirma ser verdade, na morte natural de Sansão.

A comunicação entre Napoleão e os outros animais é feita pelo porco falastrão Garganta, que também tem papel fundamental na estória. Ele representaria a função da imprensa, sendo uma espécie de assessoria do porco líder. A comunicação entre Napoleão e os outros bichos ocorre através de Garganta, que com muita lábia e bom discurso fazia com que os animais acreditassem sempre nele e seguissem suas recomendações.

Napoleão como qualquer outro líder da história também tinha seu exército. Logo após a batalha de tomada de poder, o porco recrutou uma linhada de cachorros da Granja e os criou sozinhos, com a promessa de alfabetizá-los. Na noite que Bola de Neve foi “desmascarado” por Napoleão os cachorros voltaram a cena a comando do líder, e expulsaram pela força, Bola de Neve. Daí por diante os cachorros passam a ser a guarda pessoal de Napoleão, que como líder, se assemelha a ditadores do passado, que recrutavam inclusive crianças como parte de seu exército. Quando foi escrito, o livro fazia uma crítica ao totalitarista Stalin que comandou a União Soviética no pós segunda guerra. Através de um regime de partido político único, da militarização da sociedade e da concentração do poder em apenas um representante, além da censura aos meios de comunicação, o totalitarista manteve o regime por décadas.

Apesar da fábula de Orwell ter sido lançada inicialmente como um livro infantil, a estória vai além desse universo. Ele é uma crítica à vários aspectos do modelo social; tanto de 1945 quanto de 2010. A trama despreza e zomba da sociedade de privilégios que é estabelecida apoiando-se na cultura do medo como garantia de poder. Analisando os personagens do livro e seus papéis na sociedade estabelecida entre os bichos, fica clara a semelhança com o cenário atual. Ainda vemos vestígios do terror provocado pelo “Bola de Neve do momento”, além de ser difícil de se esconder as artimanhas ilegais de aproveitadores que se utilizam de sua posição social e política para receber regalias. Por fim, ainda vale lembrar do imprescindível Garganta, que através de propagandas enganosas e de discursos mentirosos e manipuladores, colaborou bastante para a manutenção do poder de Napoleão. Tais semelhanças faz o leitor se questionar sobre quando “Revolução dos bichos” foi realmente escrita, há mais de 60 anos, ou nos dias de hoje? Parece que na resposta encontramos a qualidade atemporal da obra.

Por Bia Tafner

por Patrícia Marques

Infelizmente, por diversas vezes, os ideais igualitários são corroídos pela própria natureza humana, e acabam por virar tiranias. A Revolução dos Bichos, de George Orwell, escrito na época da Segunda Guerra Mundial, trata dessa questão.

 

O livro ataca a ditadura de Stalin, fazendo um retrato muito fiel, através de bichos, do que ocorre na tentativa de implantar o comunismo. Aqueles que acreditam e se sacrificam pelos ideais da revolução, no livro, e por diversas vezes na vida, acabam sem recompensas. O sonho de uma vida melhor conquista o homem através das emoções, mas na hora dos resultados, a irracionalidade cobra um preço alto.

 

A promessa do paraíso sem esforço, que conquistou todos os animais do livro, até hoje também enfeitiça o homem. No livro uma canção foi criada para transmitir a mensagem igualitária do sonho dos animais da granja. Todos repetiam aqueles versos com profundo entusiasmo, e até mesmo fanatismo. O futuro seria magnífico. A riqueza, incomensurável. Para tanto, bastava lutar, mesmo que custasse a própria vida. Nós cantamos algo parecido como: “Desafia o nosso peito a própria morte! Ó pátria amada, idolatrada, salve! salve!”, e tantas outras canções ufanistas. (Se souber também alguma letra de propaganda ufanista comente no blog).

 

Sansão, o forte cavalo, era o discípulo mais fiel. Não sabia pensar por conta própria, aceitando os porcos como instrutores, por sua reconhecida sabedoria. Passava adiante o que era ensinado, através da repetição, como vemos de fato nos chavões e slogans repetidos pelos comunistas da época histórica que o livro foi escrito. A figura de Sansão é o retrato perfeito do idiota útil, que bem intencionado, acaba servindo aos oportunistas.

 

 Mandamentos, regras, leis, foram criadas, mas com o tempo, tudo foi sendo devidamente ignorados pelos novos donos do poder, que os alteravam sem nenhuma cerimônia. Sempre com a desculpa que toda e qualquer ação era para o bem da granja 

     

O Stalin do livro é Napoleão, um porco muito esperto que criou cachorros amedrontadores em segredo. Quando chega a hora de assumir todo o poder, Bola-de-Neve vira vítima dos cães adestrados de Napoleão. Bola-de-Neve seria o Trotski no livro. A história é totalmente reescrita por Napoleão, que transformou Bola-de-Neve em um espião, que trabalhava para o inimigo desde o começo da revolução. As decisões passam a ser tomadas por uma comissão de porcos, liderada por Napoleão. E a idéia que Napoleão passa é a de grande sacrifício, tendo que carregar o fardo da responsabilidade, em busca sempre do bem de todos. Era isso, ou o retorno do homem malvado. Era infalível esse argumento.

 

Começa então um culto ao líder, como costuma ocorrer nos países socialistas. Napoleão passa a dormir na cama, ignorando um dos mandamentos da revolução, que passa a contar com um adendo que diz que nenhum animal deve dormir em cama com lençóis. O mandamento de que “nenhum animal mataria outro animal” foi substituído por outro no qual “nenhum animal deveria matar outro sem motivo”.  A miséria dominou  a granja, mas os porcos comiam cada vez melhor. O cavalo Sansão trabalhava cada vez mais, convencido de que Napoleão estava sempre certo. Acabou doente de tão cansado, e foi levado para um abatedouro, sem piedade.

 

Todos os ideais igualitários pensados um dia viraram só um: “todos os bichos são iguais, mas alguns bichos são mais iguais que outros”. Os porcos ligados a Napoleão passaram a negociar com os homens de outras granjas, passaram a beber álcool,  e aprenderam a andar em duas patas, coisas que eram proibídas na revolução. No fim, era completamente indistinguível quem era porco e quem era homem. Instalam um regime tão opressor ou mais que o anterior, tudo em nome da granja da igualdade. 

 

Há, em “A Revolução dos Bichos”, um tom inquietante de melancolia e desesperança. Orwell, um engajado militante pró-lumpesinato, nos força a encarar nossos piores defeitos na condição de seres que compõem uma sociedade. Egoísmo, ingratidão, ganância, inveja e mesquinharia são as características com as quais o autor inglês ilustra toda a podridão que permeia a política. Obviamente, isso não se aplica só ao caso britânico. Outros autores também expuseram de forma brilhante o mesmo tema, mas falar sobre isso em forma de fábula torna a obra de Orwell sui generis, e merecedora de destaque entre as demais. Porque o texto nos deixa a impressão de que tudo é muito claro, que trata-se de uma ideia simples e que faz surgir aquela pergunta: “como não pensei nisso antes”? Por isso o livro é genial. As melhores teorias são aquelas que nos parecem ser as mais simples, mas traduzi-las em palavras, ao contrário do que elas aparentam, é tarefa das mais árduas. E George Orwell foi sem dúvida um escritor que trabalhou, e muito, para atingir tal grau de excelência em seus escritos. Seu histórico de vida prova isso. Ao contrário de muitos, o inglês não demonstrou desde tenra idade talento inato para as letras. Foi algo que ele se viu forçado a desenvolver, porque era uma voz inconformada com as injustiças sociais, e que sentia enorme necessidade de ser ouvida. De origem humilde, conseguiu estudar a duras penas no prestigioso Eton College, recusando em seguida uma bola de estudos na universidade. Nesse momento é que se revela o perfil mais aguerrido de Eric Blair (seu nome de batismo). A partir daí, ele passaria por maus bocados, que lhe rendem obras como “Na pior em Paris e Londres” e “Dias na Birmânia”. A primeira fala dos dias em que viveu entre mendigos na capital francesa e das agruras por que passou durante o período. “A Revolução…”, contudo, é considerada sua obra mais difundida, ao lado de 1984. Em comum com o livro que é tido como a origem do termo “Big Brother” temos alguns traços. Ambos falam do controle estatal sobre os cidadãos, de forma sufocante, que os extenua e os massacra integralmente. A narrativa inclui nos dois livros a sistematização da lavagem cerebral através de constantes, pesadas e mentirosas estatísticas sobre um progresso que de fato não existe nos estados constituídos, com o intuito de aliviar a população cansada e faminta, e evitar possíveis dissidências e contestações aos regimes. É em torno do controle das insatisfações populares e a forma como a maioria dos governos lida com isso que gravita o discurso orwelliano. E, de uma maneira geral, por desumana que é, não haveria metáfora mais apropriada para definir a política do que a que é usada em “A Revolução dos Bichos”.

Por Eduardo Aires

O livro A Revolução dos Bichos, de Eric Blair ou George Orwell, como era o pseudônimo do jornalista indiano, mostra em uma metáfora o período antes Segunda Guerra Mundial. A fábula só foi publicada após a guerra, mesmo sendo escrita em 1937. Em seu livro, Eric Blair tenta contar o período vivido por ele, sendo mais precisamente a Revolução Russa, em que o porco Major com ideais marxistas pode ser comparado a Lênin. Depois de organizar a revolução Major acaba morrendo, sobrando para dois porcos a fazerem, Napoleão e Bola de Neve, ou Stalin e Trotsky respectivamente.

A revolução acontece com um ideal socialista, em que todos os bichos teriam o mesmos direitos e tudo seria repartido de forma igualitária. Mas assim como acontece na Revolução Russa, não se estabelece uma igualdade e sim uma ditadura, Bola de Neve é expulso, sendo considerado o traidor, assim como Trotsky. Com isso, Napoleão inicia sua ditadura com apoio do seu exercito, sendo representado pelos cachorros. Além de contar com a imprensa para encobrir as mudanças dos sete mandamentos feitos antes da revolução. O porco Garganta acaba tendo o papel da imprensa, sendo o porta-voz do ditador, conseguindo convencer os animais de tudo estava melhor do que nos tempos do totalitário Sr.Jones, que também pode ser considerado o Czar.

 Os animais acabam sendo divididos em classes, como por exemplo, Sansão fazia parte da classe operária, já as ovelhas eram de classe média, ou seja, não trabalhando tanto quanto a classe operária, só ficavam repetindo o lema. Assim como fez Stalin na URSS, o povo foi explorado, trabalhando muito e recebendo pouco.

Ao longo da história, a ditadura de Napoleão (Stalin) fica cada vez mais evidente, como por exemplo, a construção do Moinho, lembra muito os Planos Qüinqüenais. Além disso, a contratação de um advogado para levar os ideais de Napoleão para as outras granjas e também a volta do corvo Moises, como se fosse a volta da igreja ortodoxa.

O livro, apesar de focar no período da Revolução Russa, consegue ser atemporal, já que atualmente nós temos a ditadura de Chávez e o medo do terrorismo e do uso de armas nucleares por parte do Irã e da Coreia do Norte. Na época do livro o grande medo era o nazismo de Hitler, junto com o seu totalitarismo. Com isso,  no livro os porcos começam a se aliar com os homens, como foi a URSS com o Estados Unidos na Segunda Guerra, na luta contra o nazismo. Os porcos acabam com o hino “Bichos da Inglaterra” e com o lema “ quatro patas bom e duas patas ruim” para conseguir se aliar com os homens.

A Revolução dos Bichos consegue mostrar de forma simples um período complicado na nossa história, como por exemplo, a Revolução Russa e a Segunda Guerra, por isso a fábula é interessante e nos faz compreender uma época importante e que não façamos os erros do passado, na luta contra o terrorismo.

                                                                                                    POR GABRIELA NOGUEIRA

       O livro “A Revolução dos Bichos” é um verdadeiro clássico moderno que narra uma história de corrupção e traição e recorre a figuras de animais para retratar as fraquezas humanas e demolir o “paraíso comunista” proposto pela Rússia na época de Stalin. Em poucos capítulos o autor Eric Blair, conhecido como George Orwell pode defender através da fábula o funcionamento de sociedades comandadas por diferentes tipos de governo, além de mostrar de forma genial a ambição do ser humano, o “sonho do poder”. 

      Na Granja do Solar viviam bichos, que como dono tinham o Sr. Jones que podia ser comparado com Nicolau II: um líder brutal com seus opositores. Explorava o trabalho animal em benefício próprio, para acumular capital. Em troca dos serviços prestados, ele pagava com a alimentação, que nem sempre era boa e suficiente.

     A história se inicia com a visão do porco Major, o idealizador da revolução. O Velho Major teve um sonho, sobre uma revolução em que os bichos seriam auto-suficientes, sendo todos iguais. Era o princípio do Animalismo. O Major morreu, mas os animais colocaram em prática a idéia do líder, fazendo a Revolução dos Bichos. Segundo o Major, os próprios animais deveriam ter o controle das decisões, acabando assim com a administração do decadente do Sr. Jones, o único humano na fazenda.
 

     A liderança passou a ser dividida entre dois suínos: o bravo e justo Bola-de-Neve e Napoleão. O personagem de Bola- de- neve podia ser comparado com Trotski, líderes da Revolução de Outubro que seguiam a risca os ensinamentos de Marx. Seguia os princípios do Animalismo, e mesmo sendo superior em quesitos de inteligência e cultura em relação aos outros animais, sempre se considerou igual a todos, não tendo privilégios devido à sua condição. Bola- de- Neve tinha um assistente, Napoleão: possuía caráter agressivo e egoísta era uma representação de Stalin, não seguia ideais socialistas.

     Os jovens porcos passaram a se reunir clandestinamente a fim de traçar as estratégias da revolução. Certo dia Sr. Jones, então proprietário da fazenda, se descuidou na alimentação dos animais, fato este, deu-se a Revolução.

    Sob o comando dos inteligentes e letrados porcos, os animais passaram a chamar a Granja dos Bichos, e aprenderam os Sete Mandamentos, e o principal era que todos os animais eram iguais.

     Para os animais menos inteligentes, os porcos resumiram os mandamentos apenas na máxima “Quatro pernas bom, duas pernas ruim” que passou a ser repetido constantemente pelas ovelhas. Após a primeira invasão dos humanos, na tentativa de retomar a fazenda, Bola-de-Neve luta bravamente, dedica seu tempo ao aprimoramento da fazenda e da qualidade de vida, mas, mesmo assim, Napoleão o expulsa do território, alegando sérias acusações contra o antigo companheiro. Napoleão criou um mito em torno do porco desaparecido e a partir daí, é considerado um traidor que na ânsia pelo poder, traiu o amigo, assumindo a administração da Granja. Napoleão mostrou-se competente e justo no começo, mas depois passou a desrespeitar os sete mandamentos os quais firmavam os ideais animalistas e para se garantir no poder afirmava que tudo que era antigo era ruim e toda adversidade era atribuída ao “traidor Bola de neve”.

     O pequeno orador Garganta, foi o porco escolhido para dar uma explicação como um jornalista, para que todos os outros animais ficassem incentivados com o novo projeto da nova administração.

      As mensagens focalizavam a prioridade da construção do Moinho de Vento e  números favoráveis da administração de Napoleão. Enquanto os porcos não tinham pudor em adotar os privilégios da antiga administração, ficavam cada dia mais gordos e a ração dada aos outros animais apenas diminuía. O animal mais forte da fazenda, o cavalo Sansão, tinha dois bordões de lealdade e cegueira: “Napoleão tem sempre a razão” e “Trabalharei mais ainda”. Depois de trabalhar mais e mais e receber menos e menos, Sansão é vendido ao açougue, apesar dos esclarecimentos de Garganta de que o valente cavalo foi levado ao hospital.

     “A vida dos burros é longa”, assim encara o pessimista Benjamim. O Burro não falava, não contestava e tinha a convicção que a vida é mesmo difícil e, por isso mesmo, ela está acima de qualquer inconveniente causado pela revolução. Benjamim era o único que sabia que Sansão iria para o abate, mesmos sabendo, não se voltou contra os porcos.

     Quem sempre aceitou o novo ideal sem mesmo se dar conta do porquê foram as ovelhas. Personagens fundamentais, elas só conseguiam repetir os slogans criados por Garganta. Desde o inicial “Quatro pernas bom, duas pernas ruim” até ao contraditório “Quatro pernas bom, duas pernas melhor”. Elas nunca perceberam as intenções dos porcos em apenas tomar o poder. Apenas repetiam, chegavam quase sempre no horário e ficavam até mais tarde se fosse preciso.

     Como na Revolução Russa: Major (Lenin); Napoleão (Stalin); Bola-de-neve (Trotsky); as ovelhas, que repetem sem consciência os lemas; os cavalos com seus tapa-olhos que só conseguem olhar para o trabalho; as galinhas que se perdem na dispersão; o burro empacado em suas verdades; os cães fiéis à guarda de seus donos. Todos personagens históricos, escravos da própria revolução, prisioneiros dos sonhos depauperados.A fazenda foi se tornando pequena. Os pombos espalharam as boas novas, atualizadas diariamente. Os humanos de outros lugares, sabendo da eficácia do novo projeto, ficaram maravilhados. Quando o moinho foi finalmente concluído, Napoleão chamou os consultores externos para avaliar a fazenda dos animais. A excelência do método empregado era impressionante: mínimo de ração, muito trabalho e prazos absurdos. Enquanto isso, os outros animais, ao verem os porcos se esforçando para andar em duas patas já não sabiam mais distinguir mais quem era humano e quem era porco.

            

                                                       Por Roberta Bruno

                No dia 11 de junho de 2010, começa a 19º Copa do Mundo na África do Sul. Um país marcado pela diversidade racial, que viveu mais de 40 anos sob o regime do apartheid, onde imperava o racismo, hoje apresenta grande desigualdade social. Joanesburgo é a principal cidade da Copa do Mundo e um exemplo dessa desigualdade, de um lado a parte rica e do outro a periferia pobre. Ainda assim os africanos são alegres e distribuem alegria apesar da tristeza vivida no passado.

            Há muitos lugares na África que se vive na miséria mas hoje brancos, negros e mestiços aprendem a lidar com a mistura racial. “A Copa  reune 32 seleções que buscam o título de campeão mundial de futebol, é um encontro de nações que preza o respeito à diferença cultural. Ajudando a fixar à idéia das relações raciais e étnicas, em um país onde, por lei, direitos e deveres eram diferentes de acordo com a etnia.” Explicou o Antropólogo Caio Laudelino.

            Na África, a Copa trouxe esperança. Esperança de trabalho e de ajuda já que todos os olhares do mundo estão direcionados para o continente africano.De acordo com as estátisticas um a cada quatro sul africanos estão desempregados, com isso os bicos viraram a única alternativa para os trabalhadores. Eles oferecem serviços no meio da rua de pintor, eletricista, marceneiro e ambulantes que vendem bebidas e comidas típicas por conta do enorme numero de turistas que estão no pais.

            Em clima de festa e confraternização com os sul-africanos, uma grande mistura de torcidas toma conta da áfrica e colore as arquibancadas. As vulvuzelas, que fazem parte da cultura africana, viraram adereço de todos os torcedores, mas vem causando polemica devido ao som ensurdecedor. “Os jogadores, os jornalistas e os telespectadores estão incomodados com o barulho. Milhares de dólares foram investidos na tecnologia de transmissão da Copa, como por exemplo, microfones instalados por todos os estádios, mas fica inviável ouvir a conversa dos jogadores, o grito dos técnicos e o canto da torcida. A única coisa que se ouve são as famosas vulvuzelas.” contou o engenheiro especialista em som Rafael Zacca.

            A alegria do futebol junto à mistura de nacionalidades enriquece a cultura africana. Apesar de pouca tradição no esporte, os africanos adoram o futebol e apelidaram o time brasileiro de Samba Boys.

“O futebol e um esporte democrático, que não distingue negros, brancos, homens e mulheres.” Comentou o Antropólogo Caio Laudelino.

Por:
Fabiane Mariano
Guilherme Ribeiro
Maíra Gama
Juliana Araujo

O livro “A Revolução dos Bichos”, clássico de 1945, traz muito da experiência do próprio autor Eric Blair, conhecido como George Orwell. O escritor, que viveu a utopia do socialismo soviético, se frustrou com o rumo tomado pelo sistema, após a consolidação de Stálin no poder. O autor utiliza a fábula para criticar a situação política. Com personagens fictícios correspondentes a personalidades daquele momento histórico, Eric Blair pretendeu, sem sucesso, escapar da censura.
A restrição sofrida foi muito além da URSS. “A Revolução dos Bichos” foi idealizado em 1937 e publicado em 1945, momento em que o mundo vivia os horrores da Segunda Guerra Mundial. O pacto entre União Soviética e Hitler foi substituído por uma aliança com o Império Britânico. O mundo passou, então, a fechar os olhos para a tirania e crueldade praticadas pelo regime. Ao expor e criticar o Estado Soviético, Eric Blair atingiu a todos os aliados.
Com algumas pequenas alterações, a história também se aproxima da Revolução de 1917. Havia, na derrota do czarismo, uma promessa de mudança na situação política vigente, assim como toda revolução. Com o passar do tempo, a esperança foi esquecida e corrompida, dando lugar a um clima político de intolerância e tortura.
O termo “Animalismo” é uma menção ao Stalinismo. Várias comparações podem ser feitas. Stalin recrutou a igreja ortodoxa russa para alavancar o patriotismo , assim como no livro o personagem do porco, Napoleão, permite que o corvo Moises retorne a granja. Ambas as situações tiveram motivações políticas em momento de crise. Outro exemplo: Stalin estava prestes a abolir o hino socialista “A Internacional” por ser muito provocativo aos seus novos aliados, os ingleses. No livro, Napoleão também proíbe as galinhas de cantarem o hino “Animais da Inglaterra” por reavivarem as verdadeiras ambições da revolução. Segundo Napoleão, os ideais já haviam sido alcançados.
Mais do que apontar os erros de um direcionamento político específico, o livro analisa as consequências do poder. Sua crítica vai muito além do Governo Soviético, pois vai contra os desvios de ideologia os quais o poder leva. Manipulação de informações, corrupção, falta de liberdade de imprensa e de expressão. Esses são alguns exemplos de desdobramentos que o poder ocasiona, especialmente em governos não democráticos. A teoria do livro cabe em diferentes momentos históricos e estilos de governo, até os dias atuais.